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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Que tal um cafezinho?

Que tal um cafezinho? 
Sempre me faco esta pergunta quando estou cansada ou empacada em alguma ideia que, presa, se recusa a sair das entranhas da minha alma. 
Um cafezinho... aquele nao muito forte, nao muito quente, passado na maquina, no cuador, no pano, ou no saco mesmo... aquele saco preto que fica pendurado no prego da cozinha logo acima do fogao de lenha... isso mesmo. Assim se passava cafe antigamente. Fogao de lenha, fumaca, saco preto, panela com fundo preto de fuligem... lenha...
O cafe saia cheiroso, quentinho, fumacando da chaleira e colocado no bule... sem garrafas termicas... sem eletricicade...
Os graos torrados em grandes tachos eram moídos manualmente ou pilados nos piloes de madeira de lei...
eu nao me lembro desse tempo nao... nao sou tao velha assim. Minha avo um dia me contou que era assim.
No meu tempo ja existinha o fogao a gas butano, comprado no caminhao, que tocava aquele sinhinho ridiculo, que eu ouvia e corria para avisar a mamae.
O motorista do caminhao era sempre o mesmo e parava la em casa para... tomar um cafezinho... 
O cafe da minha mae era conhecido. Um cafe cheiroso, quentinho... tomado ali mesmo na calcada, enquanto descansava as costas do trabalho de estar dirigindo num dia quente... nao importava a estacao do ano... no ceara sempre seria um dia quente... aquecido pelo motor do velho Mercedes Bens da Norte Gas Butano... 
Belas lembrancas daqueles tempos de 1968... 72... quando parei de avisar a mamae sobre a entrega do gas, nao me interessava... estava estudando muito...
Mas sempre ela chegava e me oferecia um cafezinho para dar uma pausa e descansar os olhos dos livros... minha grande paixao.
O cafe da maquina, agora com nomes variados, graos selecionados da arabria e do brasil... chique, nao? Tem de todo tipo... todo gosto...
Um cafezinho que pode demorar uma hora longa, sentada num Café em Viena, olhando a rua pela vidraca polida ou lendo um livro... continua sendo minha paixao.
Um cafezinho que nao mais é oferecido pela minha amada e saudosa mae, mas sempre lembrado para quebrar a monotonia do dia de trabalho, de tedio, de frio,... 
Ele pode ate ser um cafezao... de 250 ml... mas sera um cafezinho para qualquer bom brasileiro, em qualquer lugar do mundo... 
Nao me interessam todas as pesquisas sobre os beneficios ou maleficios do cafezinho...
O importante é tomar aquele cafezinho, de qualquer jeito, em pe no botequim, na feira, no Café de Viena...

um cafezinho!

Que tao um cafezinho? Agora!

Deu vontade né? Pois vai... toma um cafezinho que voce vai se sentir bem melhor.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Vida que se renova...

Engracado como a vida se vai fluindo... com tempo e pelo tempo... passando como uma gota nas aguas revoltas do rio. As vezes explode contra as pedras. As vezes entra no tunel de um funil. Sem fundo, sem fim.
Assim as ruas tambem vao passando, na velocidade controlada do bonde, que, obrigatoriamente, para em todas as estacoes. E sempre um sobe e desce, ou um desce e sobe... legal! Tudo coordenado, cronometrado. Parece ate ensaiado. Nao foi.
Foi a gota que entrou na correnteza do sistema e se acomodou, se deixando levar.
Que forca teria a gota contra o rio? Melhor seria logo explodir contra aquela rocha da margem, mas qual? direita ou esquerda?... ora tanto faz! Rocha é tudo igual. Explosao tambem.
Cuidado, uma nova hélice joga a gota la no fundo, no funil... um tunel escuro, onde me vejo refletida no vidro da janela fria do bonde. 
Logo a claridade da superfice e a gota retorna a correnteza e vai com as outras, engrossando a multidao, no leito pedregoso, marginado por rochas...
Um bolha de ar... vindo nao sei de onde, joga a gota para cima... e ela vai, alcando voou! Vai contra a gravidade, vai contra a correnteza, vai contra o ar que a impeliu...

Acabou.

A forca acabou.

E a gota cai novamente no rio, repica, sobe mais uma vez e olha o ceu, azul... de nuvens brancas... e guarda na lembranca aquele momento. Momento inesquecivel da sensacao de liberdade do sistema... e volta... volta a cair junto às outras gotas que engrossam a correnteza.

Vai... vai indo nao sabe para onde.

Mas eu sei.

Vai se encontrar com o sal. O sal da vida. E outras infindaveis gotas salgadas lhe estarao esperando na foz, onde termina o rio e comeca o mar.

Todo fim é um comeco...

E a vida se renova sempre.

Feliz Ano Novo

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